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Analisando Fear the Walking Dead: As idas e vindas de Daniel estão acabando com o personagem?

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Assim que Fear the Walking Dead começou meus olhos pairaram sobre dois personagens: Daniel Salazar e Alicia Clark. Alicia porque já acompanhava Alycia Debnam-Carey em “The 100” e percebi que a personagem teria grande desenvolvimento. Já Daniel me cativou pela sua forma totalmente desprendida de sentimentos quando o assunto é a sobrevivência.

Rubén Blades se encaixa perfeitamente no papel e desde sempre foi muito bem aceito pela crítica e pelos fãs da série. Daniel não é só um personagem que está passando pelo apocalipse, ele é uma pessoa que antes mesmo do grande evento carregava marcas que o traumatizaram por toda a sua existência. Tais traumas são responsáveis pela forma de agir de Salazar no pós-mundo e isso criou atritos relevantes e essenciais dentro do núcleo que esteve encaixado.

A segunda temporada chegou demonstrando um Daniel totalmente fora de controle após o falecimento de sua amada Griselda ao final do primeiro ano da série. E foi assim que ele contrastou ainda mais com todos os outros personagens, sempre mantendo um pulso firme com a filha Ofelia e mostrando que não estava ali para ser menosprezado. Nesse enredo a bordo de Abigail é que ele desenvolveu uma ligação diferenciada com Victor: vezes totalmente opostos, vezes totalmente aliados.

Quando descobriu evidências de possíveis problemas no refúgio de Thomas Abigail – não mais o iate, mas a fazenda em território mexicano -, Daniel não evitou e colocou tudo abaixo de fogo, terminando o sétimo episódio do segundo ano da série como morto para os olhos da audiência.

Seguimos sem informações dele até o terceiro episódio da terceira temporada – quase um ano inteiro acreditando que Salazar estava morto. Daniel ressurge como uma fênix, tendo sobrevivido ao incêndio e acaba se juntado as pessoas da represa, que o liga novamente aos seus antigos conhecidos. Rapidamente ele demonstra seu rancor e ódio por Strand. A trama se desenrola e entre amores e ódios, Daniel – depois que Madison, Alicia e Nick quase são mortos – demonstra finalmente lealdade à matriarca dos Clark e consegue permitir que eles saíssem vivos do local, mas não sem antes Nick ativar os explosivos instalados por Troy e colocar tudo abaixo. Fim da terceira temporada.

Quarto ano da série, passamos recentemente pelos eventos do sexto episódio, um salto temporal de aparentemente dois anos desde o evento na represa e nenhuma menção a Daniel. Nenhuma menção na série, mas o burburinho entorno de Salazar foi findado a partir da declaração de um dos showrunners da série que confirmaram a sobrevivência e o retorno ao mundo Walking Dead em qualquer momento.

Então, aqui estamos nós. É nesse momento que o redator começa a desenvolver sua tese acusatória contra Daniel. Assim, toda a responsabilidade ao trecho que segue até o final desse artigo é de cunho opinativo deste que vos escreve.

Daniel é um grande personagem, um dos mais coesos, complexos e repleto de possibilidades. É o tipo de persona que não necessita de grande esforço dos roteiristas para se encaixar em histórias, dado seu caráter cooperativo para as ideias de traumas que o apocalipse desenvolve.

A crítica não é vertida a personalidade de Daniel. Na verdade se constituí pela forma como o personagem tem sido enredado na história. As idas e vindas de Salazar fazem com que sua narrativa fique desinteressante ao público que já não se surpreende se ele desaparece ou ressurge. Explorar a mesma tônica sobre o mesmo personagem é ato tão falho para uma série que tem acertado tanto em seus enredos e desenvolvimento de núcleos.

Há de se salientar que no atual rumo da história parece não haver mais espaço para Salazar. Enquanto Victor estiver vivo, não há possiblidade de coexistência. As divergências entre os dois não foram tratadas e se tal resolução for estabelecida agora, não fará sentido fático para a série. Então, haveria apenas duas possiblidades em Fear: ou Daniel retorna para morrer e ter o fim mais desnecessário e empobrecido para um personagem ou Strand se despede da série para dar espaço ao pai de Ofelia. Contudo, com a grande trama de mortes que tem girado em Fear – ainda mais se a morte de Madison se confirmar – e a redução do elenco principal para Alicia, Luciana e Strand, a morte de Victor seria de tremenda desnecessidade e um desserviço declarado aqueles que acompanham Fear desde sua estreia.

Blades além de ser ator é músico. Os compromissos com shows, lançamento de discos e ademais atribuições que a música lhe confere estariam contrastando com a agenda de gravações de Fear e, justamente por isso, Daniel foi afastado durante a segunda temporada. Sei que pode ser bastante polêmico, mas se Blades passou por testes para o papel de Daniel e sendo ciente da grandiosidade do projeto que estava assumindo, a incompatibilidade de agendas não poderia ser artifício para as idas e vindas de Salazar na série.

É totalmente desrespeitoso com os fãs da série termos um ator que – como dito, passou por teste junto a diversos outros e assumiu compromisso com a trama – tem a possibilidade de se ausentar quantas vezes quiser da história. É desrespeitoso com outros artistas que realizaram o teste e foram negados a partir do teste de Blades. É desrespeitoso com o próprio mundo Walking Dead.

Assumir um trabalho como uma série deve ser totalmente ponderado e pensado pelo ator e se houver casualidades que o faça mudar de ideia no meio do caminho, a conversa com os produtores e com o público deve ser clara e de maneira imediata ser requerido o desligamento total da história, para que a trama se ajuste de forma definitiva a partir de sua ausência. Foi o que fez o jovem Frank Dillane (Nick) quando percebeu que Fear estaria o engessando e não lhe permitindo a participar de papéis diversos.

Mas se Daniel não parece mais se adequar a Fear, a declaração do showrunner que anunciou seu retorno não obscureceu a possibilidade de que ele reapareça em outra trama: na série mãe. Vejam, as palavras de Andrew Chambliss foram exatamente “retornar ao mundo Walking Dead”. Isso abre um leque de oportunidades e ter Daniel presente na trama de The Walking Dead contrastaria totalmente com os novos ideais impostos por Rick no último episódio da oitava temporada e que se propagarão nos próximos anos.

Entretanto, para estar presente na série geratriz – se esse for o caso e não o realocarem à Fear ou até mesmo transferirem o personagem a outras mídias o apresentando em livros, jogos ou até mesmo nos quadrinhos – Blades deveria de uma vez por todas assumir os encargos da profissão e do contrato que firmou com a AMC e com o público. Termos o mesmo problema que tivemos em Fear em The Walking Dead seria totalmente frustrante e infeliz.

Assim, concluo que Daniel é um dos grandes personagens do mundo de Kirkman, com grande potencial para a história, mas que está sendo maltratado pelas ações de seu intérprete e pelos roteiristas que não sabem como o readequar ao enredo. Tais problemas tem gerado indiferença quanto ao personagem no público, o que poderá de uma vez por todas enterrar um dos grandes nomes de Fear.

Findada minha opinião, quero saber a opinião de vocês, leitores: o que vocês acham das idas e vindas de Daniel? Isso poderá acabar por tornar o personagem desnecessário para a trama? Há possibilidades de ele migrar para The Walking Dead e deixar Madison e os demais de uma vez por todas para trás?

Fear the Walking Dead vai ao ar LEGENDADO aos domingos, às 22h30, e DUBLADO as segundas, às 23h30, no AMC Brasil. Consulte sua operadora de TV para mais informações.

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