Entrevistas

Dave Erickson fala sobre o episódio 4 – “Not Fade Away”

Publicado há

em


ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do quarto episódio da primeira temporada de Fear the Walking Dead, S01E04 – “Not Fade Away” (Não Desapareça). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.

Ocupação! Madison, Travis e companhia trocaram um problema por outro no último episódio de Fear the Walking Dead. Ao invés de vizinhos zumbis vagando pelas ruas, agora eles precisam lidar com a presença da Guarda Nacional, que os cercou para sua própria segurança. Mas pelo que vimos no episódio, nem todo membro da família é bem vindo ali. E o que exatamente está acontecendo do lado de fora das cercas? O Entertainment Weekly conversou com o showrunner Dave Erickson sobre o episódio “Not Fade Away” para conseguir respostas às questões ardentes.

Você fez um episódio sem um único ataque de zumbi. Isso deixou vocês nervosos?

Dave Erickson: Não, não ficamos nervosos. Na verdade, nós conversamos um bocado sobre isso porque tínhamos oportunidades, especialmente na sequência em que Madison vai além da cerca. Mas na verdade esse episódio é sobre perceber que a Guarda Nacional chegou e que isso não é necessariamente uma coisa boa. E é sobre tentar criar essa tensão e ansiedade em torno da ocupação de uma vizinhança, e o que aquilo vai significar para Madison e o restante de sua família. Então não, era uma questão de focar mais naquele elemento da historia e menos em ataques de zumbis necessariamente. Isso não nos deixou nervosos. Esperamos que não tenha deixado a audiência nervosa.

Você mencionou quando Madison passou pela cerca, e foi nesse momento que eu estava esperando que acontecesse, porque eu estava pesando que sempre precisa ter pelo menos um ataque de zumbi por episódio, então achei surpreendente de uma forma positiva, porque eu achei que sabia o que estava por vir, e na verdade não sabia.

Dave Erickson: Isso também fez parte. Robert Kirkman falou sobre isso em relação aos quadrinhos e à outra série. Em última análise, o perigo real vem de outros humanos. Esse episódio foi uma oportunidade de tentar dramatizar esse elemento e realmente trazer a pergunta: qual é a motivação da Guarda Nacional? O que está acontecendo daquele lado da cerca? E essencialmente naquela área pela qual ela está andando tem um grupo de resistentes e pessoas que não quiseram necessariamente ser transferidas e não quiseram sair de suas casas. E você está lidando com essa tensão, e com a Guarda, que estão um pouco mais informados em comparação com outros naquela área, e para todos os efeitos estão mais assustados do que os civis que eles deveriam proteger, porque eles viram mais do apocalipse a essa altura. É sobre a descoberta que Madison e Travis farão neste episódio e nos próximos dois.

Então agora estamos vendo os militares assumindo o controle com força total. Eles montaram zonas de segurança atrás de cercas. Eles estão estabelecendo regras e ordem. Mas alguns deles parecem relativamente tranquilos com a situação, não compreendendo a magnitude do que está acontecendo, e ao invés disso jogando golfe. O que você pode dizer sobre a forma como você queria lidar com a presença da Guarda Nacional lá?

Dave Erickson: Existem dois lados disso. Uma das coisas que Robert e eu conversamos sobre voltar tanto foi a oportunidade de uma justaposição surreal. Então a ideia de Moyers, interpretado por Jamie McShane, jogando golfe é algo que parece inconsistente e incoerente com o que está acontecendo, e isso fala muito sobre o personagem e sua atitude. Moyers é alguém diferente de muitos dos guardas, ele já viu batalhas. Ele passou pelo Afeganistão. Na verdade, ele vê isso como mais uma campanha, e ele gosta de estar na guerra. Eu acho que isso é específico de seu personagem.

Os outros, muitos deles, e nós vemos isso em alguns dos soldados jovens como Adams – ele é alguém que tem uma família por perto, e todos os guardas são pessoas da Califórnia, então eles estão muito conscientes e muito preocupados com o que está acontecendo com suas próprias famílias e o que está acontecendo fora de Los Angeles. Isso cria uma dinâmica interessante e algo que veremos abordado no quinto episódio. Porque existe um grupo principal de guardas com o qual passamos um tempo e, em contraposição a Moyers, eles têm um ponto de vista específico. E à medida que as coisas continuam a se desenrolar, veremos alguns desses relacionamentos e alguns desses personagens começarem a se desgastar.

Tivemos um salto no tempo aqui quando Chris diz enquanto narra seu vídeo que é o nono dia desde que a cerca foi erguida e as luzes apagaram. Fale sobre a decisão de pular esses nove dias para avançar a história.

Dave Erickson: Foram duas coisas. Primeiro, até o final da temporada não estaremos necessariamente no momento em que Rick acorda do coma, o que é importante porque você terá um pouco mais de latitude, e mais para experimentar e explorar quando chegarmos na segunda temporada. Mas também queremos avançar o apocalipse para um lugar onde até o final da temporada ele claramente assumiu o controle – pelo menos em Los Angeles e na região. Então eu acho que nós precisávamos nos dar uma janela para realizar isso.

A outra coisa é que, mantendo a fidelidade ao piloto e aos episódios 2 e 3, estamos tentando montar essa dinâmica onde nossos personagens estão genuinamente aprendendo sobre o apocalipse e lentamente recuperando o atraso. Eles estiveram em uma rota de colisão nos três primeiros episódios, mas ao erguer a cerca e criar esse espaço entre o terceiro e o quarto episódio, e entre nossa família e o apocalipse além da cerca, isso nos permite continuar esse processo e deixar que eles – Madison e Travis e Alicia e toda a família – vivenciem isso de uma maneira consistente com a proximidade com o apocalipse zumbi.

Nós vemos alguma tensão entre Travis e Madison, esse episódio focou em tudo em torno da questão: em uma crise, quanto você foca na sua família imediata e em cuidar deles, e quanto você estende seu foco para a comunidade? Madison está ficando com sua família enquanto Travis se tornou o prefeito não oficial da zona de segurança. Quem está certo? Ou os dois estão certos em pressionar um ao outro para prestar mais atenção ao outro aspecto?

Dave Erickson: Eu acho que os dois estão certos. O problema é que as placas estão se movendo. A inclinação de Travis – e isso é desde o piloto – ele tem fé e confia nas instituições. Ele acredita que as coisas vão melhorar. E Madison tem um lado mais sombrio e ela confia menos. E você está falando do começo de um conflito que vai continuar ao longo da temporada e nas temporadas seguintes, porque Travis, em um esforço para manter sua humanidade e o que ele acredita ser certo, a questão sempre é: neste mundo, se você está tentando ser bom e tentando ser nobre, você acaba comprometendo sua família ou ajudando eles? Esta é a transição que estamos começando a ver entre Madison e Travis. E para Madison, ser a pessoa que confia menos e realmente vê o vídeo que Chris mostra e toma para si mesma a missão de sair para DZ e tentar entender o que está acontecendo – o que estamos vendo é uma mulher muito corajosa e com visão do futuro que quer encontrar a verdade. E a pergunta é: quando ela encontrar a verdade, como isso será para Travis e como isso vai impactar o relacionamento deles?

Bem, se eles continuarem brigando, pelo menos eles podem continuar fazendo as pazes com sexo no carro, então está tudo bem, certo?

Dave Erickson: [Risos] Sempre tem isso.

Tem essa interação entre Madison e Alicia onde a mãe diz que precisam repintar o quarto e Alicia responde “Qual é o sentido?”. É onde estamos, presos nesse ponto onde talvez as coisas voltem ao normal, ou a quem estamos enganando? E as pessoas estão gravitando para um desses dois pontos de vista?

Dave Erickson: Alicia é interessante porque ela divide algo com Nick, porque os dois perderam o pai quando eram novos, então ela tem uma veia fatalista. Ela sabe que o mundo está acabando, mas tem uma dicotomia ali porque ao mesmo tempo tem muito no mundo antigo que ela não conseguiu resolver. Ela não teve um encerramento com a perda de Matt. Ela tem um momento nesse episódio onde ela pega aquele alfinete e tenta fazer com que a tatuagem temporária seja permanente. É realmente um ato de desafio para ela, ela tem muita raiva. A ideia de que sua mãe e seu futuro padrasto estão brigando por coisas que parecem muito domésticas, isso é uma afronta para ela à luz do apocalipse que está em torno deles.

Para alguns deles, e Daniel Salazar especialmente, estamos chegando a um ponto onde eles veem o fim chegando, e o veem chegando desde muito cedo. Algumas pessoas percebem que estamos chegando a um ponto sem volta e o mundo mudará permanentemente. E tem alguns que estão tentando manter algum senso de rotina e algum senso de normalidade. Travis é o extremo deles, e Madison está se entendendo com o fato de que as coisas ficaram muito, muito sombrias e não vão melhorar. E o episódio é muito sobre isso para os dois. Porque no fim, ela viu esse massacre que aconteceu fora da cerca, e Travis viu a Guarda Nacional entrar em uma casa e ostensivamente abater uma família que não tinha se transformado, e isso é destruidor para ambos.

Também tem uma cena bem pesada entre Madison e Nick em que ela o flagra procurando por drogas e o enche de tapas enquanto grita “Você não tem ideia!”. Ter que lidar com o apocalipse zumbi não é o suficiente, Dave? Ela ter que lidar também com o filho viciado parece uma punição cruel e incomum. É algo horrível em cima de algo terrível.

Dave Erickson: Com certeza é, mas eu acho que o importante é que o relacionamento Madison-Nick – e vai continuar sendo importante ao longo da série – fundamentalmente é um drama familiar. E se você olhar pra trás no piloto e todas as questões e conflitos que estabelecemos lá, é importante pra mim que não percamos isso. É importante pra mim que você não pode introduzir um filho viciado e então não continuar essa história. E a questão com Nick é que ele precisa de uma dose. Ele não está limpo.

E quando Madison o ataca, é frustração com as coisas que ela teve que fazer para conseguir drogas para ele. É frustração com o fato de que lá no fundo ela provavelmente permitiu isso por um longo período. E é frustração com as paredes que foram colocadas ao redor deles. Tem muita coisa naquele momento. E é também a traição. Mesmo naquela cena no começo em que ele alega que não precisa mais do remédio, ela quer acreditar desesperadamente, mas depois quando ela o encontra na casa dos Ramirez e percebe que ele está roubando remédios daquele homem doente, eu não acho que ela se surpreende completamente. E isso é parte da tristeza do momento.

Então o grande momento no fim acontece quando eles levam Griselda para o hospital, mas também pegam Nick contra sua vontade porque a Dra. Exner percebeu que ele era um viciado. Liza então decide se juntar à médica, deixando sua família para ajudar a comunidade como mencionamos antes. O que está por trás da decisão dela? Porque ela abandona o filho, e quando ela faz isso, precisa saber que provavelmente nunca mais o verá de novo.

Dave Erickson: Eu não acho que ela sabe que nunca mais o verá de novo. Você precisa ter em mente que todos estão presos dentro da cerca há nove dias, e as autoridades disseram e garantiram – Moyers disse que estamos vencendo. E Exner quando chega é bastante calma e muito profissional, e percebe que Liza não é uma enfermeira registrada, mas tem habilidades e poderia ajuda-la. Então naquele momento quando levam Griselda para o caminhão para leva-la ao médico no complexo militar, eu acho que para todos os propósitos Liza acredita que as coisas estão melhorando fora da cerca. E também é uma oportunidade para que ela cuide de Griselda.

E também quando ela percebe que Nick está sendo levado, é uma oportunidade para ela garantir que Nick está bem. E veremos nos próximos episódios que ela realmente espera ver Chris novamente. Ela se despede dele de longe e tenta dizer a ele que vai ficar tudo bem. É um momento tenso porque Chris está assistindo sua mãe entrar em uma caminhonete e partir, e isso é muito perturbador para ele. Mas para Liza, ela vê isso como uma responsabilidade. “Eu estive cuidando de Griselda e sou a razão pela qual Nick foi pego, e preciso cuidar dessas pessoas”, porque eles se tornaram essencialmente pacientes dela, o que é importante pra ela. A outra coisa que ela não percebe é que isso é basicamente a limpeza do campo, porque qualquer um que possa potencialmente morrer e potencialmente se transformar precisa ser removido. Griselda obviamente não está bem, e Doug Thompson, o cavalheiro que eles pegam no começo do episódio – ele é alguém que está claramente deprimido e eles se preocupam com o que ele pode fazer – e Nick, eles sabem que é um viciado e Liza inadvertidamente o delatou, e quando Exner está examinando ele consegue perceber que ele está sob efeito. E se você é viciado você pode ter uma overdose, e se você tem uma overdose pode se transformar, e isso não pode acontecer. Então tem muita coisa acontecendo naquele momento. É carregado.

Dê algumas pistas sobre o próximo episódio. Só faltam dois episódios dessa temporada, então o que você pode nos dizer sobre o próximo?

Dave Erickson: Muitas das questões sobre a Guarda Nacional serão respondidas. E o que veremos é Travis e Madison – consistente com essas duas trajetórias em que eles parecem estar – eles vão abordar Nick, Griselda e Liza terem sido levados de maneiras bem diferentes e específicas.

Fiquem ligados aqui no FEAR the Walking Dead Brasil e em nossas redes sociais @FearWalkingDead no twitter e FEAR the Walking Dead Brasil no facebook para ficar por dentro de tudo que rola no universo de FEAR the Walking Dead.


Fonte: Entertainment Weekly

Comentários

EM ALTA

Sair da versão mobile