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Fear the Walking Dead S01E04: Dave Erickson fala sobre nova ameaça e sobre por quanto tempo ela durará

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ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do quarto episódio da primeira temporada de Fear the Walking Dead, S01E04 – “Not Fade Away” (Não Desapareça). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.

Existe uma nova ameaça em Fear the Walking Dead – e é uma ameaça familiar para os fãs de The Walking Dead, a série dramática original de zumbis da qual Fear the Walking Dead se derivou.

O episódio do último domingo mostrou um notório salto temporal para exibir a família central da série presa numa zona de segurança e rígida recentemente na vizinhança deles, agora que a Guarda Nacional assumiu o controle. Do lado de fora das cercas patrulhadas pelos guardas, todas as pessoas de Los Angeles ou deixaram a cidade ou foram mortas a tiro, já que os militares consideram todos aqueles que não buscam voluntariamente abrigo em uma de suas 12 comunidades como ameaças para os sobreviventes.

Enquanto isso, Chris (Lorenzo James Henrie), o filho de Travis (Cliff Curtis) e de Liza (Elizabeth Rodriguez), está certo de que existe algo vivo para além dos muros. Contudo, acaba sendo um grupo que está matando os doentes, os quais estão sendo levados pela recém-chegada Dra. Exner (Sandrine Holt) em uma proposta de proteger a comunidade. Por falar em Exner, ela recruta Liza para se juntar a um grupo a que se refere como sendo uma iniciativa do governo para ajudar a tomar conta dos doentes – que agora incluem Griselda (Patricia Reyes Spindola), a esposa de Daniel (Ruben Blades), e Nick (Frank Dillane), o filho de Madison (Kim Dickens), que foi levado contra sua própria vontade.

Aqui, o showrunner de Fear the Walking Dead, Dave Erickson, fala com o The Hollywood Reporter sobre a Guarda Nacional e sobre como a ameaça humana é similar àquela de The Walking Dead, bem como sobre o que esperar do futuro conflito, conforme a série se dirige aos dois episódios finais dessa temporada.

Então Chris estava certo, existe algo vivo à distância. Só que não é um hospital, certo? É o “governo” – ou pelo menos é isso que somos levados a acreditar que seja – levando as pessoas que estão feridas e aquelas que apresentam risco de morrer e de infectar a comunidade e matando-as. Isso está correto?

Dave Erickson: Quando Madison se aventura para além da cerca e se depara com o massacre, trata-se essencialmente do grupo de pessoas que não quis ir embora. São as pessoas que ou viram algum motivo para desconfiar, ou queriam ficar em suas respectivas casas ou se recusaram a evacuar. É uma dinâmica interessante em que você vê os civis que estão tentando adequadamente sobreviver diante do que está acontecendo, mas também existe a Guarda Nacional, um grupo de soldados que, primordialmente, não são pessoas que foram endurecidas pela batalha. Existe muito medo. Quando você está lidando com a população do jeito que as coisas estão se desenrolando, os soldados acreditam que os militares sabem mais do que a nossa família sabe. Ainda existem perguntas – não se sabe como isso é transmitido, não se sabe como as pessoas adquirem a infecção – e isso cria muita tensão e pode deixar as pessoas agressivas, com as armas engatilhadas. O massacre não necessariamente tem que ser uma forma de “limpar” a vizinhança. Era um grupo de soldados que encontrou algum antagonismo e alguma resistência enquanto tentava fazer seu trabalho e, infelizmente, uma coisa levou à outra. Na cena final, temos uma dinâmica semelhante. Para muitos dos soldados, existe um sentimento de suspeita; se alguém estiver se recusando a vir para o interior das cercas, [é] porque provavelmente está doente e, por consequência, é uma ameaça.

É realmente a Guarda Nacional ou poderia ser um grupo não afiliado que está tentando manter alguma aparência de autoridade?

Dave Erickson: O grupo do Tenente Moyers (Jamie McShane), eles são a Guarda Nacional. Nós não exploramos aquela ideia sobre outros elementos falsos que estão patrulhando as áreas externas e realizando suas próprias atividades, mas, para todos os efeitos, esta é uma presença militar, e de militares que estão lidando com algo que nunca viram antes. Não existe nada na cartilha que ensine como lidar com o apocalipse zumbi. Então, não, mas isso é algo que eu agora poderia usar na segunda temporada.

Agora que Nick e Griselda foram levados, como veremos os grupos de Madison e de Daniel buscando trazê-los de volta e tentando descobrir para onde eles foram levados?

Dave Erickson: Eles vão trabalhar juntos, absolutamente. Uma das coisas interessantes desse episódio é a abordagem que Travis tem com o guarda e a abordagem que Madison tem com o guarda. Madison tem um nível de desconfiança e Travis quer acreditar e quer ter fé. Ele quer ver algum tipo de retorno e de conserto da civilização. Aproximadamente no fim do episódio, ambos sabem que isso não é verdade. O que será interessante no quinto episódio é como eles procedem em relação a tentar recuperar Griselda, Liza e Nick. Nós veremos algumas maneiras únicas e específicas de recuperar seus entes queridos – e veremos como essa abordagem se dará.

Quão mortal será o quinto episódio? Será que veremos Madison e Daniel assumirem o controle da Guarda Nacional e do “governo”?

Dave Erickson: Tudo chegará a um ponto crítico, pois o quinto é o nosso penúltimo episódio e, depois, chegamos à finale e a temporada se encerra. Será um confronto. Pode não ser necessariamente um confronto do nosso grupo contra a Guarda Nacional, mas a tensão se elevará e pode haver armas envolvidas.

É realmente o governo, ou um grupo falso ou uma extensão da Guarda Nacional?

Dave Erickson: Não, é a Guarda Nacional. A ideia era que, já que um estado de emergência tornou-se claro em vários estados e ficou evidente que não era algo com que a polícia local ou os xerifes saberiam lidar, é essencialmente um estado de sítio. A Guarda Nacional é trazida para ajudar, para proteger os civis e para tentar lidar com os infectados. Em níveis superiores, e nós nunca contamos as histórias através desse filtro, mas fica claro para as pessoas que estão no comando que os mortos são os mortos e que não há como trazê-los de volta. Tudo o que você pode fazer é atirar neles, porque não há cura, não há como fazer as coisas melhorarem e, infelizmente, isso leva a algumas medidas severas.

Então por que juntar as pessoas que estão doentes? Quero dizer, como Nick – ele é um viciado, está definitivamente roubando morfina do vizinho da porta ao lado – isso é uma atitude muito baixa – mas, ao mesmo tempo, porque eles estão levando essas pessoas? Eles estão recolhendo as pessoas que veem como ameaças?

Dave Erickson: Eles querem levar essas pessoas para um hospital e tratá-las, porque, se conseguirem evitar que morram, elas não vão se transformar [em walkers]. Mas não podem deixar essas pessoas com a população não infectada porque, se elas se transformarem, então, de repente, Nick morde Madison, Madison morde Travis e aí não temos mais uma série. (Risos)

Então, como as execuções estão acontecendo à distância, esses são os pacientes que não sobreviveram e se transformaram?

Dave Erickson: São os indivíduos resistentes a irem para o hospital, mas essa questão também tem a ver com a paranoia e com o medo que alguns dos nossos soldados inexperientes podem sentir. Existem os walkers, as pessoas que estão infectadas também estão lá. Existem pessoas que se aconchegam e que não necessariamente querem ir embora, ou pessoas que testemunharam o massacre que ocorreu do lado de fora da cerca, que Madison descobriu. O elemento atuante é o medo e o medo do desconhecido. Muitos dos soldados ainda veem qualquer civil que esteja do lado de fora da cerca como alguém que pode ser perigoso. E alguns civis do lado de fora da cerca viram evidências, não apenas do que os infectados podem fazer, mas viram o que alguns membros seletos dos militares fizeram.

É semelhante em The Walking Dead, quando os personagens estão lidando com uma ameaça dupla – os mortos-vivos e os vivos, que podem ser horríveis.

Dave Erickson: Rick (Andrew Lincoln) acorda no hospital e existe a triagem do lado de fora, bem como evidências dos militares. Ele vê as consequências de uma batalha que foi perdida. Então, temos o flashback com Shane (Jon Bernthal) tentando fazer Rick acordar. Você vê Shane fugindo do hospital, construindo uma barricada diante da porta do quarto em que Rick se encontra. Enquanto ele olha para o corredor, você vê um número de soldados atirando em pessoas que não parecem estar infectadas. Em certo ponto, tem muito a ver com o perigo que o “outro” representa e o “outro” não está necessariamente infectado.

Nós deveríamos nos preocupar por Liza ter ido com a Dra. Exner? Esse é um lugar no estilo do Grady Memorial [em The Walking Dead], para o qual ela está indo com uma mulher tipo a Dawn?

Dave Erickson: Liza vai com a expectativa de que não será algo permanente. Griselda é sua paciente. Ela nota que Nick foi levado, que isso é culpa dela e se sente responsável por isso. Antes dessa pergunta ser respondida, outras coisas acontecerão. As coisas ficarão complicadas muito rapidamente.

Agora que todos vemos que tipo de papel a Guarda Nacional vem desempenhando, essa série se torna um cenário do tipo “nós contra eles”?

Dave Erickson: Não será uma batalha a longo prazo com os militares. Um dos motivos pelos quais fizemos esse salto temporal entre o terceiro e o quarto episódios – e abrimos a cerca e criamos a zona de segurança – foi porque queríamos ficar com a nossa família misturada dentro de nossa vizinhança e continuar mantendo os personagens, em certa medida, isolados da realidade absoluta do apocalipse. Isso também permite que a história siga por um caminho em que, quando chegarmos ao fim de nossa temporada, não estaremos exatamente no lugar em que Rick está quando ele acorda do coma. Ainda há aspectos reais a se explorar, há algumas descobertas para nossos personagens em termos do quanto o apocalipse progrediu, quanto dano foi feito, e essa é a nova realidade que nós abraçaremos. Há uma mudança com os militares, no sentido de que não haverá uma batalha contínua entre a população civil e a população militar.

Sabemos que se passaram nove dias desde que as luzes acabaram e a civilização caiu. Realmente demoraram nove dias para extinguir uma cidade grande como Los Angeles? Todo mundo realmente morreu ou eles “foram para o leste”?

Dave Erickson: Eles morreram ou se foram para o leste – ou foram para o oeste ou para o norte. Foi algo semelhante a um êxodo. Nós sabemos que existem 12 zonas de segurança ao sul de San Gabriel Mountains. Essa é a política instituída por cada estado. Há bolsões de pessoas que estão por trás das cercas e que estão seguras, por enquanto. E então existe uma batalha acontecendo do lado de fora, na qual a Guarda Nacional e o Exército estão tentando matar os infectados. Infelizmente, isso está acontecendo nesse ponto – o apocalipse domina tudo total e deliberadamente. E a audiência sabe que, em quatro ou cinco semanas, quando Rick acordar, o mundo terá caído. Realmente tem a ver com tentar mostrar as coisas de uma maneira que, quando chegarmos a essa marca das cinco semanas, estaremos mantendo a realidade dos quadrinhos e alcançaremos nosso ritmo com isso.

Existe 12 zonas de segurança por perto. Nós veremos alguma delas ou conheceremos as pessoas dessas comunidades?

Dave Erickson: Não. Provavelmente não nessa temporada, porque nossa história está indo em uma direção específica, mas essa seria uma ótima pergunta para a segunda temporada. Nossos personagens, quando chegarmos na segunda temporada, estarão em uma situação muito similar à de Rick. Eles podem optar por mudar de localidade [no final da primeira temporada]; podem ter que fugir e ainda não sabem como as coisas estão ruins. Eles já ouviram – ouvimos transmissões no rádio nessa temporada nas quais falamos sobre o estado de emergência e sobre os outros estados, mas não nos referimos muito à dimensão internacional do fenômeno. Ainda existe a ideia de, “Talvez esteja melhor em outro lugar?” ou “Talvez esteja melhor noutro estado ou noutro país?” A ideia de nossos personagens mais ou menos no final da temporada é a de que o mundo todo foi dizimado, e eles não conseguem entender isso. De fato, a única razão pela qual temos essa informação na primeira temporada do original é o enredo do Centro de Controle de Doenças. Eles terão que juntar as peças de uma forma um pouco mais cuidadosa.

Madison deu uma grande surra em Nick. Agora que ele foi levado e que essa foi a última interação que ela teve com o filho, ainda existe alguma esperança para ele?

Dave Erickson: Existe esperança para todos nós. Você pode fazer duas escolhas no apocalipse: ou você pode se render a ele ou pode manter sua esperança e manter a possibilidade de algum tipo de mudança. Nick, em vários sentidos, tem vivido seu próprio apocalipse por bastante tempo. Ele é um daqueles personagens que parecem estar além da salvação, mas a vida que ele tem vivido nos últimos seis anos pode ser exatamente o treinamento necessário para sobreviver. As pessoas que eram mais centradas antes do apocalipse acontecer são aquelas que provavelmente sofrerão mais. As pessoas que já estão vivendo à margem, é quase como se fosse mais fácil para elas.

Como você acha que o resto da temporada se desenvolverá? Comente abaixo.

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Fonte: The Hollywood Reporter
Tradução: Lalah / Staff Fear the Walking Dead Brasil

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