2ª Temporada

Dave Erickson fala sobre o episódio de estreia da 2ª temporada de Fear the Walking Dead

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Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do primeiro episódio, S02E01 – “Monster” (Monstro), da segunda temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

O plano soou como um bom plano. Se zumbis já haviam tomado a terra, saia da terra. O enigmático Victor Strand trouxe os sobreviventes em seu iate, o Abigail, para ajudar a escapar do apocalipse de infectados (bem como os ataques aéreos que começaram a cair de militares em pânico) na estreia da segunda temporada de Fear the Walking Dead, mas eles apenas encontraram novas ameaças os aguardando na água.

Entertainment Weekly conversou com o showrunner de Fear, Dave Erickson, para conseguir informações privilegiadas do que aconteceu na estreia da segunda temporada, o que vem por aí, filmar no tanque de água construído para Titanic, e aquela misteriosa voz do outro lado do rádio de Alicia.

ENTERTAINMENT WEEKLY: A série realmente tem um olhar completamente novo e eu absolutamente amei esse lance na água. Porque você não começa falando sobre como tem sido para você filmar no México no tanque de água construído para Titanic de James Cameron.

DAVE ERICKSON: Tem sido incrível. Eu acho que existem desafios para nós em termos de nosso tempo para construir. Digo, nós essencialmente construímos a estrutura de Abigail em aproximadamente seis semanas e meia. E então tivemos que içar o barco até o tanque em Horizon, e está essencialmente flutuando em seu próprio barco. Eu sempre soube que aconteceria, mas sempre foi um pouco desesperador. O tanque é ótimo porque permite que você filme e tenha o senso de que você realmente está no mar sem ter quer ir ao mar, o que é fantástico. Evita o enjoo, se nada mais.

Então vamos falar sobre o episódio. Esses ataques aéreos que vimos no início do episódio é a fase final da operação Cobalt, que foi o plano dos militares para evacuar e basicamente exterminar tudo que se movesse?

Dave Erickson: Isso está exatamente correto. Até então, a ideia é que quantas pessoas puderam ser evacuadas foram evacuadas, e eu acho que da perspectiva dos militares, o volume de pessoas deixadas nesses complexos urbanos, se transformou. E da perspectiva deles, a única forma de conter o surto é queimar o que restou. Então o que acontece como resultado é que você tem muitos infectados que estão sendo incinerados, mas você também tem muitos deles indo para a costa enquanto o fogo direcionar tudo vivo ou morto para a água, e é aí que abrimos. Apenas algumas horas depois se passaram desde o fim da última temporada e a morte de Liza, e como uma família, não houve tempo algum para parar e refletir. E para Chris, para Travis, literalmente não há tempo para lidar com a Liza, que é o motivo pelo qual ela está com eles, e porque eles a levam para o barco.

É tão gritante quando eles estão no Abigail e se deparam com todas essas pessoas implorando por ajuda e Madison e Alicia querem ajuda-las, enquanto Travis e Strand dizem não. E o que é fascinante sobre essa decisão é que, por terrível que pareça, os caras estão provavelmente tomando a decisão correta dessa vez. É realmente um desses momentos de ‘o que você faria’. Então Dave, o que você faria?

Dave Erickson: Eu provavelmente iria querer que eles se juntassem a nós e acho que isso seria nosso fim. A questão sobre Madison é que ela abandonou sua vizinhança. Ela está pensando nas pessoas que foram deixadas para trás, e isso pesa sobre ela. Ela sofre por isso, e ela quer acertar as coisas de alguma forma, assim como Alicia. A virada interessante é para Travis, porque na primeira temporada ele seria o cara que teria dito, ‘Vamos trazê-los a bordo. Vamos fazer o que pudermos e abraçar a vida.’

E ele está em um lugar diferente agora porque ele fez uma promessa a Liza – de que ele protegeria Chris a qualquer custo, e ele olha para as pessoas naquele barco e percebe, que por mais que ele queira ajudar, ele não tem ideia se eles estão infectados. Se eles estão infectados, ele não tem ideia de se eles são perigosos. É um momento estranho porque parece que ele está do lado de Strand, mas na verdade ele está mantendo seu próprio conselho. Ele está percebendo que ele tem que cuidar da pessoa mais importante em sua vida agora, e esse é seu filho. Mas ele vai sofrer por isso. Todos eles vão sofrer.

Existe uma grande fala onde Salazar está falando com Travis sobre ter quer matar Liza e como isso se relaciona com o que aconteceu com sua própria esposa e ele diz, ‘O que eu daria para trocar minha falha pela sua misericórdia’. Todo esse cenário é um grande lamaçal moral, não é?

Dave Erickson: Sim, é muito. Você tem um grupo de pessoas que perderam praticamente tudo e eles estão lidando com algum grau de dor e luto durante o episódio, e naquele momento, Daniel está basicamente reconhecendo o fato de que ele não foi capaz de encontrar sua esposa antes que ela morresse. Ele não foi capaz de estar com ela, e por mais trágica que a morte de Liza seja para Travis e para Chris, Daniel preferia estar com Griselda. Ele preferia ter que mata-la ele mesmo porque pelo menos, ele estaria com ela naquele momento final. Ele teria ao menos essa oportunidade. E essa é uma das coisas que vai assombrar Daniel por toda a temporada.

E o interessante sobre Chris nesse episódio é porque ele está reagindo do jeito que você esperaria que um adolescente reagiria quando seu pai mata sua mãe, mas você acha que ele sabe lá no fundo que seu pai fez a coisa certa?

Dave Erickson: Essa é uma ótima pergunta. Eu acho, intelectualmente, sim, em um nível, mas na cabeça deles está relativamente cedo e você ainda está lidando com um grupo de pessoas que, por quase metade da temporada foram isolados da verdade do que está acontecendo além das cercas. Então ele está recebendo toda essa informação de segunda mão. Liza se despediu de Chris sem ele perceber que era um adeus na última temporada, e agora, ele vem depois do fato e vê que seu pai atirou nela, e ele fez isso a pedido dela, mas eu acho que é difícil para ele intelectualizar isso. Emocionalmente, tudo que Chris pode fazer é imaginar a imagem do seu pai colocando uma arma na cabeça de sua mãe, e vai levar um tempo para ele chegar a qualquer nível de aceitação e entendimento disso. E isso definitivamente vai levar um longo tempo antes que ele se aproxime de qualquer coisa próximo de perdão.

Eu acho que ele está tão entristecido e tão cheio de luto, eu não acho que ele está pensando sobre isso racionalmente – mesmo quando Travis tenta falar com ele depois de enterra-la no mar, mesmo quando Madison vai atrás dele depois e tenta explicar que ela teria feito a mesma coisa; Eu acho que ele tem essa mascara de raiva e fúria, que é, na verdade, algo que começa a desenrolar ao longo da temporada, também.

É interessante que Salazar não confia no Strand, porque ambos são os sobreviventes mais natos entre o grupo.

Dave Erickson: Eu acho que isso é inteligente. E acho que é uma grande parte disso. Ele consegue ver em Strand, exatamente o que você disse. Esse é um cara que sabe como sobreviver. Esse cara é que tem um plano e ele é a primeira pessoa a realmente reconhecer o fato que Strand não tem nenhuma intenção de ficar em casa. Strand estava sempre empacotando suas malas. Mesmo antes das bombas caírem, ele ia entrar naquele barco, e ele levanta a questão, onde é que Strand acredita que eles podem ir? Strand sugere San Diego na estreia e nós vamos descobrir se isso é uma ideia sólida ou não muito, muito em breve, mas ele tem um plano e enquanto esse plano for um segredo, Salazar não vai confiar nele. E acho que o que aprendemos depois sobre Daniel, é que apesar de estar ligado a Madison – e em alguns aspectos, eles são espíritos semelhantes, e respeitam um ao outro – ele está em uma posição onde sua prioridade principal é Ofelia, e ele sabe que as prioridades principais de Madison são Alicia e Nick.

Então, no final do dia, por mais que eles gostem um do outro, ele não vai confiar em ninguém completamente. Ele não confia em Strand, mas ele também sabe que em caso de emergência, se uma escolha precisar ser feita, ele pode muito facilmente estar no lado oposto de Madison, também. Então é uma situação estranha, e é um dos meus grandes medos na verdade, estar no meio do oceano sem terra a vista e esse abismo embaixo de você, mas estar nesse barco e preso com um bando de pessoas, muitos dos quais você não conhece tão bem. Strand sendo um caso em questão – alguém que tem um certo mistério e nós não sabemos no que podemos confiar. Eu acho que adiciona um nível de ansiedade e tensão no show, o que é ótimo até que voltemos a terra, e então, temos os walkers.

E então fica pior. Bem, falando de ansiedade e tensão, o que podemos esperar desse cara chamado Jack – que ouvimos no rádio. Ele soa legal e inocente o suficiente, mas aparências podem enganar, não podem?

Dave Erickson: Absolutamente, podem. Nós vamos ver Alicia passar por um arco interessante durante a temporada, também. De todos os nossos personagens, ela era a única que tinha uma linha em seu futuro. Ela era independente. Ela ia para a faculdade, e ela ia se despedir da mãe, e do irmão viciado, e de El Sereno, e começar uma nova vida. E de todos os personagens, sendo a mais preparada para o mundo antigo, ela é a menos preparada para no mundo novo, e quando ela ouve aquela voz no rádio, é alguém que parece ser uma pessoa contemporânea.

É alguém que ela sente que pode se relacionar, e eu acho que isso é da necessidade de se conectar com o passado que está morrendo que ela inicia aquela conversa. E no fim do episódio, quando tudo colide, existe um perigo muito real de que esse cara tenha intenções doentes, e foi mais nefasto do que imaginávamos, e, eventualmente, podemos ouvir aquela voz novamente.

Sempre foi um tema na série, e tem sido um tema em The Walking Dead também, mas eu sinto que todo o foco de “quanto você arrisca sua própria segurança para ajudar outros” agora que eles estão no barco, eu sinto que isso se amplificou 10 vezes.

Dave Erickson: Agora que eles perceberam o quão ruins as coisas são, agora que eles entendem e que eles tiveram sua educação apocalíptica, e eles sabem, de um certo modo, o que os infectados são ou não – agora a próxima grande pergunta para eles é quão longe é isso? Quão longe o surto expandiu? O quão ruim é? Existe um lugar seguro em algum lugar a frente na estrada, e consequentemente, enquanto vamos pelos dois primeiros episódios e conhecemos pessoas, seja na água ou na terra, a questão da confiança é enorme. É uma questão de, nós confiamos nas pessoas que estão presas nesse barco? Mas também, podemos confiar nas pessoas que cruzarmos e essas pessoas podem confiar em nós? Eu acho que o perigo de quando você tenta fazer o bem nesse mundo é que, inevitavelmente, se torna ruim. E essa é uma outra lição que nós vamos ter que aprender muito rápido.

Olhando para frente, o que você pode nos dizer sobre o próximo episódio?

Dave Erickson: Nós temos que entender, se aprendemos alguma coisa do episódio 201, é que obviamente, as coisas não são mais seguras na água do que são na terra. Nós vamos ser forçados a retornar a terra no episódio 2, e nós achamos, a princípio, que talvez possamos encontrar um nível de santuário, mas percebemos que o apocalipse espalhou, e continua a espalhar e é a primeira vez que percebemos que não existe mais segurança.

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Fonte: Entertainment Weekly

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