2ª Temporada

Fear the Walking Dead S02E06: Dave Erickson explica a decisão de vida ou morte de Strand

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Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do sexto episódio, S02E06 – “Sicut Cervus”, da segunda temporada de Fear the Walking Dead e dos quadrinhos de The Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido ou lido, não continue. Você foi avisado!

Boas notícias! Nossos sobreviventes chegaram a terra e ao seu destino final, a casa de Thomas Abigail. No entanto, as notícias boas acabam por aqui. Daniel começou a ter flashbacks que envolviam sua mão na garganta de um menino, Nick surtou por ter matado uma criança, enquanto Chris aparentava estar preparado para que Madison morresse, depois ameaçou Alicia, e depois parou na frente das duas com uma faca.

E temos Strand, que reencontrou seu amor, Thomas. Mas Abigail foi mordido e estava à beira da morte. Strand planejou morrer com ele, mas depois de ser presenteado com uma hóstia envenenada e ter visto Thomas tomar seus últimos suspiros, Strand atirou na cabeça do amor de sua vida.

Por que Victor mudou de ideia e o que isso significará para a mãe de Abigail, Celia? O que acontecerá com o estranho Chris, os flashbacks de Salazar, e o novo laço de Nick com Celia? A Entertainment Weekly conversou com o showrunner de Fear, Dave Erickson, para obter respostas.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Começamos o episódio com um padre comungando e dando um discurso comovente sobre como lutar contra esse mal. Depois, os paroquianos e coroinhas foram para fora, pegaram armas e começaram a morrer. Vimos que a mãe de Abigail, Celia, os envenenou porque ela não queria que eles matassem os infectados. Vamos começar por isso, o que está acontecendo com essa mulher e suas crenças quando se trata de zumbis e vida após morte?

DAVE ERICKSON: Celia tem um sistema de crença bem específico, ela acredita que os mortos sempre estiveram entre a gente, e continuam a estar. Agora, a única diferença para ela é que podemos vê-los. Em sua perspectiva, qualquer um que quer machucar um membro de sua família, mesmo se eles morrerem e voltarem como infectados, para ela, eles ainda tem vida. Para ela, ainda vale a pena protegê-los, vale a pena salvá-los, vale a pena amá-los. Isso é algo bem distinto entre seu sistema de crença e aqueles da congregação que estavam preparados para ir até sua casa e tomar conta das pessoas que ela quer proteger.

Então, o que aquela coruja estranha que vimos na moeda de Luiz e esculpida na árvore significa? Isso é um culto de Celia ou algo assim?

Dave Erickson: Não é bem um culto. Acho que é uma extensão religiosa que encaixa com seu sistema de crença. A coruja representa algo para ela, para as pessoas que estão nesse complexo, e possivelmente para outras pessoas de fora do complexo. Esse sistema de crença de Celia é bem específico e estreito, e é a representação disso.

Vamos falar sobre Chris. Travis diz a ele que os outros estão duvidando de sua escolha de matar Reed, depois o vemos não ajudando Madison quando ela estava prestes a ser mordida, depois ele ameaça Alicia se ela contar para alguém, e aí ele fica parado em frente a Madison e Alicia com uma faca em sua mão. O que diabos está acontecendo com esse cara?

Dave Erickson: Chris não está num bom lugar, e acho que se você voltar um pouco, estamos falando sobre um adolescente que antes do apocalipse era isolado, alienado e raivoso. E ele está nessa nova forçada e misturada família apocalíptica, e seu maior medo é a ideia de ser odiado pelas pessoas que supostamente deveriam amá-lo.

E quando Travis volta, ele ouve o que aconteceu com Reed e ouve a opinião de todos, que Reed, mesmo sendo malvado, não precisava levar um tiro, não estava prestes a se transformar, não estava morrendo. E agora Travis tem que conciliar o que todos estão falando com o que Chris está falando. E Chris percebe que sua madrasta – essa mulher que deveria apoiá-lo e ocupar o lugar de sua mãe, e que disse “Eu acredito em você, eu sei que você fez a coisa certa, sei que você precisava fazer isso” – acho que ele está devastado por conta disso. Nesse momento, nessa breve hesitação, Alicia enxerga o que está acontecendo e assume que ele ia deixar Madison – a mulher que o traiu e meio que virou as costas para ele – morrer.

Acho que quando ele chegou ao complexo de Abigail e teve essa cena com Alicia, ele volta a pensar que precisa que essas pessoas não o odeiem, precisa que eles entendam o que fez, e precisa que ela entenda que o que ela pensa que viu não é verdade. Ele está tentando resgatar tudo que pode, e o problema é que Alicia acredita no que ela viu e não vai mudar de opinião. E o maior medo dele é ser odiado por sua família, ser condenado e exilado. E infelizmente, tudo que ele faz se esforçando para isso não acontecer, meio que sai pela culatra.

Quando ele vai até o quarto de Madison e Alicia no final do episódio, a intenção não é feri-la – a intenção era de ter uma oportunidade de se explicar novamente, tentar outra vez. E quando ele vê aquela faca ao lado da cama e percebe que estava ali por causa dele, ele a pega, e naquele momento, não é como se ele fosse esfaquear alguém, como se ele fosse fazer algo ou cruzar a linha para um lado mais malvado, mas eu acho que ele estava em um momento confuso.

Então esse é o momento onde disparam um tiro que acorda a todos, e independente de suas intenções, ele não se deu nada bem. E eu acho que veremos no episódio final que isso tudo virá à tona, e descobriremos exatamente o que está acontecendo na cabeça de Chris, e exatamente o quanto o apocalipse e a morte de sua mãe o afetou. Há mais a ser explicado quando formos para o episódio final.

Também vemos Daniel, quando eles lutavam com os zumbis da igreja, tendo um flashback envolvendo o pescoço de um garoto. E Celia diz a ele mais tarde “você precisa fazer as pazes com os mortos, velhote. Você tem medo de que?” o que você pode nos dizer sobre o passado de Daniel que vemos surgindo em seu subconsciente?

Dave Erickson: Não será exatamente o que você espera, mas é interessante porque com muitos personagens nessa primeira metade da temporada, estamos explorando como o apocalipse se encaminha para algo de reconstrução ou ressurreição em cada um deles, e como eles mudam e evoluem, e também como eles começam a ficar mal. Com Daniel, tudo começou quando ele viu aquele garoto no episódio 2. É um momento pequeno, mas ele ficou abalado com isso. E para um homem tão forte quanto ele, para alguém que pode ser tão cruel quanto ele, ele não é capaz de ver o que acontece com aquela criança.

Ele vai para o lado do barco, recusa assistir aos tiros, e para nós, isso foi o começo da fragilidade de Daniel, começamos a ver um senso de vulnerabilidade nesse personagem. E lentamente, as coisas que ele fez – e sabemos que ele fez coisas bem feias no passado – estão voltando para assombrá-lo. Continuamos a ter esses pequenos momentos de insegurança que ele sente, e momentos onde ele parece estar vendo algo, mas não temos certeza do que ele enxerga.

No episódio 5, claro, ele ouviu uma voz pela primeira vez. E eu acho que todas essas coisas começam a construir e agregar, e logo veremos o que está o assombrando, quem o assombra, e como ele vai ou não reconciliar com isso. Vamos estudá-lo de um estado emocional e mental, com o mesmo respeito que estudamos como Chris está se desintegrando também.

Depois vemos Nick, que sofre por ter que matar uma criança infectada, e depois ele e Celia criam um laço, mas Madison imediatamente não gosta disso. Por que Madison fica tão desconfiada logo de cara?

Dave Erickson: É interessante porque sempre voltamos para aquela batalha inicial na igreja, e o jeito que aquela cena foi construída, é mais focada nas batidas emocionais e o que está acontecendo internamente enquanto a violência externa acontece. E para Nick, ele é confrontado por uma mãe e filha, ele é forçado a matar as duas. E no final daquela cena, você vê um Nick sentado no meio do massacre, devastado de um jeito que nunca vimos antes. Ele é um cara que, nesse ponto, lidou com a morte de um jeito diferente; ele lidou com eles sem nenhum medo evidente.

Parte do que ele está fazendo até certo ponto, ele está tentando encontrar seu lugar nesse mundo, tentando determinar porque ele sobreviveu enquanto vários morreram, e há também uma qualidade ali, por estar cara a cara com a morte, há um tipo de adrenalina. E o que ele encontra em Celia é alguém que fala sobre a jornada espiritual que ele se encontra e essas dúvidas que ele tem, como: Essas coisas são verdadeiras, ou ainda há vida neles? O que são eles? Por que isso está acontecendo? E ela dá a ele uma resposta de uma maneira que qualquer duvidoso quer. Ela dá a ele uma resposta e diz que eles não estão mortos. Então seus sentimentos são validados a um certo degrau.

Madison rapidamente interrompe porque ela vem reparando seu padrão de comportamento, e ela o vê agindo da mesma forma que ele agia quando ele saía para encontrar heroína. E quando ela vê esse padrão de comportamento e vê Celia apoiando isso, ela não deixará isso acontecer, porque naquele momento, o que ela vê nessa mulher bondosa que os acolheu e os alimentou, é que ela é um tipo de traficante. Ela vê alguém que, ao invés de empurrar drogas, empurra a morte, e isso a assusta. Madison observa esse comportamento de seu filho, conhecendo seu filho tão bem quanto ela, e ficando com bastante medo de isso terminar mal. E quando você vê alguém que está apoiando isso, ela quer parar com isso o mais rápido possível.

Você me deixou preocupado por um minuto, pensei que estava prestes a matar meu personagem favorito, já que Strand diz ao seu amado Thomas que ele vai morrer junto com ele para que não siga essa jornada sozinho. Celia faz hóstias envenenadas para eles, mas ao invés de se matar, ele muda de ideia de atira na cabeça de Thomas para que ele não vire zumbi. O que faz Strand querer se matar primeiramente, e por que ele muda de ideia no último minuto?

Dave Erickson: Acho que há dois jeitos de interpretar isso. Acho que por um lado, seu grande amor está morrendo e sofrendo, e como sabemos, qualquer um que conhece a série original e os quadrinhos – quando você é mordido e quando a infecção começa a se espalhar, é doloroso. E Abigail está lutando porque não quer deixar Victor.

Então parte do argumento seria que ele está facilitando sua passagem para morte e dizendo a ele para parar de lutar, para deixar as coisas acontecerem, com a promessa de segui-lo. E isso é algo que ele dividiu com Celia, e Celia ficou bem impressionada porque ela nunca ficou impressionada com Strand, e ela viu isso como um grande gesto, uma oportunidade para ela estar com seu filho adotivo e com Strand pelo resto da vida. Acho que no momento que Abigail concordou com isso, o diferente lado de Strand se abriu. E vem a questão: Ele disse isso estritamente para condicionar Abigail para mais perto da morte? Ele fez isso como um gesto de misericórdia para ele ir logo? Ele pensou em comer a hóstia envenenada em algum momento?

E deixo isso para a audiência até certo ponto, porque eu acho que para alguém fazer essa oferta – qualquer um que faz o que é essencialmente um pacto de suicídio – uma vez que a pessoa se foi, precisa de muita coragem e amor para estar disposto a ir tão longe. Acho que Strand, quando chega na hora H, ofereceu misericórdia, ele deixou seu amor ir embora. E quando ele teve a escolha de morrer, ele percebeu que não queria ir tão longe. Ele ama muito esse homem, mas não o suficiente para morrer por ele.

Creio que a próxima pergunta é: Como Celia reagirá a isso?

Dave Erickson: Nada bem. Terminamos o episódio com um tiro de arma, o que vai ressoar em todo o complexo e todos que nele estão. E as consequências dessa morte, de matar Thomas Abigail, vai afetar o resto da família de um jeito bem específico.

Você pode nos contar mais sobre o próximo episódio, que será o último da primeira metade dessa temporada?

Dave Erickson: Será grandioso. Haverá momentos bem significativos. Tudo que viemos construindo nessa temporada será respondido. Quando terminamos esse episódio, vimos Chris correndo para fora, e há uma grande dúvida de onde ele está indo, e o que Travis fará para trazê-lo de volta.

Também teremos o problema da reação de Celia a morte de Abigail, e como ela se sente em relação a Strand e aos seus associados, porque veremos uma raiva nela pela primeira vez, um ódio e ganância verdadeira. E essa coisa que eles têm procurado nos últimos episódios, esse complexo, esse santuário, se tornará um problema para todos. Então veremos como eles conseguirão continuar no vinhedo.

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Fonte: Entertainment Weekly

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