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Rubén Blades fala sobre o retorno inesperado de Daniel e o seu caminho para redenção

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Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do quarto episódio, S03E04 – “100”, da terceira temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!

Há boas notícias e más notícias para os fãs de Fear the Walking Dead. A boa notícia: Daniel Salazar (Ruben Blades) está vivo. A má notícia? Ele é um monstro. Ao menos, ele era um monstro, durante a maior parte do tempo do último episódio. Salazar está muito vivo, como confirmado pelo produtor Dave Erickson, logo após o personagem supostamente ter morrido em uma explosão no meio da segunda temporada. O quarto episódio da temporada mostrou exatamente como Salazar sobreviveu e o que aconteceu a seguir, e fiel à natureza do apocalipse, não foi um cenário muito bonito.

Depois de queimar o complexo no final da metade da segunda temporada, Salazar lutou de algum modo para sair dos escombros e conseguiu rastejar até Tijuana. Lá, ele é resgatado por Efrain (Jesse Borrego), um homem amável e engenhoso que vive na rua e sabe exatamente onde e quando encontrar água toda semana. Ele também é ajudado por uma mulher igualmente gentil e engenhosa chamada Lola (Lisandra Tena), que trabalha para a represa Gonzalez, que é operada por Dante Esquival (Jason Manuel Olazabal), seu dono, o criminoso e ex-associado de Victor Strand (Colman Domingo).

Após uma série de eventos violentos, Esquival recruta Salazar, reconhecendo-o como um agente letal do Sombra Negra, dos seus dias durante a guerra civil em El Salvador. Salazar, que já matou 96 pessoas em sua vida, conta feita por ele mesmo, agora será encarregado de matar mais alguns.

Por um tempo, Salazar cumpre as ordens de Esquival, mais uma vez tornando-se um instrumento de guerra depois de tantos anos afastado do campo de batalha. Mas, uma vez que o alvo se estabelece em Efraín e Lola, Salazar toma ações com suas próprias mãos. Ele mata Esquival e seus principais tenentes, e então entrega sua arma para Lola, implorando: “Perdoe-me”. Parece que ele está pedindo que ela ponha fim a seu sofrimento de uma vez por todas. Mas, em vez de disparar a arma, ela lhe estende a mão. Parece que um novo status quo surgiu para a represa Gonzalez, com Salazar bem no meio de tudo.

O que vai acontecer com Daniel? Será que ele encontrará sua filha Ofelia (Mercedes Mason)? Será que ele encontrará algum tipo de paz com Strand? Ele pode encontrar a paz dentro de si mesmo? Aqui está o que Blades contou ao Hollywood Reporter sobre tudo isso e mais – incluindo por que ele teve que parar de comer todos os presuntos enlatados da cafeteria do estúdio.

Quanto você sabia sobre o que estava por vir para Salazar após o final da metade da segunda temporada, com base em Dave Erickson dizendo que ainda havia planos para o personagem?

Rubén Blades: Na verdade, não tivemos [conversas]. Eu simplesmente assumi que era melhor deixar a história seguir seu curso, realmente não tinha ideia do que ia acontecer. Acho que era uma coisa saudável, porque, em última análise, você nunca sabe o que vai acontecer com esta série. Todos assinamos um contrato e o contrato não diz que não posso morrer. Você nunca sabe em que direção as coisas vão acontecer. Algo tão simples como a falta de interesse do fã pode determinar a morte de um personagem. Eu não tinha certeza. Eu sabia que os fãs gostavam de Salazar e o achavam interessante, então eu achava que acabaria voltando, mas nunca pensei como se fosse uma coisa certa de acontecer.

Quando foi que descobriu que voltaria, e de como seria esse retorno?

Rubén Blades: Devo ter descoberto pouco antes de começar as gravações. Não lembro de ter recebido uma ligação especial informando que eu retornaria ou que faria isso ou aquilo. Eu recebi uma ligação do meu agente dizendo que eu voltaria e que precisaria me reportar em tal data. Eu não estava tendo grandes conversas com Dave. Eu confio em Dave. Ele é quem me trouxe para o show, então fiquei confiante de que ele saberia o que fazer. Foi assim: “Você vai retornar, e é isso que você vai fazer”.

E qual foi sua reação ao saber que teria que encenar tudo o que Daniel teve que fazer para conseguir chegar até a represa?

Rubén Blades: Fiquei realmente surpreso com o fato de que haveria praticamente um episódio inteiro sobre Salazar. O que mais me surpreendeu é que eu não sei se isso já aconteceu antes, de ter na televisão dos Estados Unidos uma transmissão em horário nobre de um episódio todo em espanhol, com legendas, e isso realmente chamou minha atenção. Eu realmente não lembro se isso já aconteceu. Pensei que era muito ousado e muito corajoso da parte deles e também muito oportuno. Foi uma surpresa, devo dizer. Com o Salazar, sempre amei que esse personagem é tão oposto a mim. Tenho denunciado ditaduras há 50 anos. De repente, estou interpretando alguém que trabalhou – ou foi forçado a trabalhar – apoiando alguém, ou como parte de organizações de inteligência e militares. Foi sempre interessante para mim encontrar personagens que se opõem totalmente ao que sou e ao que penso. Eu acho que esses personagens são geralmente os mais interessantes. Ao mesmo tempo, eles forçam você a olhar para as coisas e avaliá-las, e fornecem uma perspectiva mais completa do caráter humano.

Daniel passa por uma jornada neste episódio. Ele é ajudado por Efrain, e depois se encontra em uma posição onde ele tem que feri-lo. Ele é alguém que esteve longe da guerra por tanto tempo, e agora está servindo novamente como soldado. Era difícil interpretar Daniel nesse cenário?

Rubén Blades: Foi difícil de mostrar, mesmo que tudo já estivesse no script… há uma parte de nossos corações e mentes, para aqueles de nós que não foram submetidos na vida real aos rigores e horrores de tal emergência, que se recusa a infligir dor em alguém que nos ajudou. Não acho fácil fazer qualquer tipo de cena onde eu estou causando dor a alguém. Foi muito difícil para mim fazer a cena de tortura do soldado [na primeira temporada], e foi muito difícil para mim bater em Efrain neste episódio. Muito, muito difícil para mim. Se não tivesse sido por Efraín, Salazar não teria sobrevivido no estado em que ele se encontrava. Também foi interessante neste episódio ver que Salazar está se tornando mais humano. Ele se torna mais espiritual. E percebe que foi poupado por algum motivo, depois de várias oportunidades em que poderia ter morrido. Era difícil se ajustar. Ao mesmo tempo, o fato de entender como essa situação afetou tantas pessoas em El Salvador… naqueles dias eu estava muito ciente do que estava acontecendo e sabia no que pensar para entender a motivação de Salazar ter feito o que ele fez.

No final do episódio, Daniel protege as pessoas que o protegeram. Ele está do lado certo. Antes disso, ele diz que acha que já matou 96 pessoas. E acrescenta mais alguns na lista quando mata Esquival e seus capangas. Então Salazar cai de joelhos, dá a Lola sua arma e diz: “Perdoe-me”. Parece que ela o perdoa. Mas será que Salazar pode se perdoar?

Rubén Blades: Eu acho que ele sentiu que está em um caminho onde a possibilidade de redenção realmente pode existir. Confiou nela. Ele não confia em suas próprias considerações sobre se merece ou não perdão por tudo o que ele fez. Ele colocou a arma na mão dela e acho que ele poderia ter sido o centésimo, poderia ter sido o único no final. Assim como quando ele se ajoelhou depois de atacar aquele homem enorme, o infectado… ele caiu de joelhos e disse: “Estou pronto. Eu terminei”. E para sua surpresa, esse estranho episódio ocorre onde o zumbi é atingido por um raio…

Que realmente foi incrível!

Rubén Blades: Realmente foi! (Risos) Eu vi episódios de The Walking Dead e eu tenho todos os quadrinhos. Eu sigo a história. Não me lembro de ter ficado tão surpreso, além de quando Glenn se escondeu embaixo do lixo. Pensei que ele tinha morrido. E não consigo me lembrar de nada como [o zumbi que foi atingido pelo relâmpago]. Foi um momento tão surpreendente. Quando Salazar dá a arma a Lola, ele diz: “Estou pronto. Faça o que quiser”. E ela o poupa. Eu acho que simplesmente cria um argumento para a possibilidade de ser perdoado e sua redenção.

Tomara que parte dessa redenção envolva reunir-se com sua filha, Ofelia. Ele tem uma conversa sobre ela com Strand – uma cena que está em inglês – e Strand conta essa mentira que Ofelia está de volta ao hotel. Mas Daniel sabe que é uma mentira. O que você acha que Daniel está pensando no final do episódio? Ele acha que Ofelia está morta, ou que ela ainda pode estar lá?

Rubén Blades: Ele acha que ela está morta, mas tem esperanças que ainda esteja viva. O que aconteceu com Strand, se você segue a conversa e as reações de Daniel, foi que quando Strand disse “Todos nós pensamos que você estava morto”, Daniel sabe que esse é provavelmente o caso. Ele próprio provavelmente pensou que estaria morto. E, no entanto, Strand mostra sua mão e diz: “Ela está esperando você”. É quando Daniel olha para ele e diz: “Você é um pedaço de merda. Você é um cão mentiroso. E vai apodrecer aqui”. Mas no fundo, ele o enxerga muito bem. Ele nunca confiou em Strand. E já viu homens assim antes. Ao ir embora chateado e zangado por este homem estar mentindo, ele ainda, bem no fundo do coração, sem ter ouvido Strand dizer: “Não, ela está morta”; tem esperança de que ela ainda esteja viva.

Existe alguma chance de reconciliação entre Daniel e Strand, ou a confiança entre eles foi totalmente quebrada?

Rubén Blades: Veja bem, Salazar não é nenhum santo. Já fez muito mal e coisas erradas. Ele é uma pessoa prática. Este é o segundo apocalipse para Salazar. Ele já passou por um. E entende a necessidade de comprometer-se com pessoas que, de outra forma, acharia detestável. Ele sabe a necessidade de forjar alianças com inimigos ou pessoas que gostaria pessoalmente de matar. Tenho certeza de que ele tem isso em mente. Além disso, quando vai embora, ele sabe que Strand esteve em algum lugar onde ele tem algumas coisas que lhe contou sobre Madison e o hotel… é tudo muito preciso para ser uma mentira. Ele sabe que Strand sabe de alguma coisa. Ele só vai fazê-lo suar antes de chegar ao fundo da verdade.

Quanto presunto enlatado você teve que comer nesse episódio?

Rubén Blades: Na verdade, eles me disseram para não comer, porque eu gosto muito e iria acabar com tudo. (Risos). Eu até tenho uma camiseta que diz “Presunto” que minha esposa me deu. Mas não posso mais comer em casa, só como quando ela não está por perto.

Você vai acabar se tornando um garoto propaganda não oficial.

Rubén Blades: Sabe de uma coisa, lembro quando era uma criança… nós éramos uma família grande. Às vezes, não havia dinheiro suficiente para comprar carne de verdade. Sou bem familiarizado com presunto enlatado. É verdade, uma vez experimentei a comida do meu cachorro, que tem um cheiro parecido. (Risos). Mas eu gosto! E eu me divertia, porque quando comia, ia até minha esposa e respirava perto dela, e ela não gostava.

A represa Gonzales está em boas mãos agora. Todas as pessoas ruins que eram encarregadas dela morreram até o final do episódio. O que podemos esperar desse local à medida que a temporada avança, agora que a água está nas mãos certas?

Rubén Blades: É crucial. Crucial. Água… é muito interessante quantos paralelos se pode fazer entre o que é ficção e o que realmente representa o futuro da humanidade. Precisamos ser sérios sobre a preservação do nosso ambiente. Precisamos ser sérios sobre as mudanças climáticas. Portanto, precisamos desenvolver políticas envolvendo água que inclua reciclagem e descontaminação e o uso mais responsável da água. Eu acredito que a represa neste momento é a única coisa que atuará como um ímã. Acho estranho quando as pessoas consideram o dinheiro importante, ou coisas como ouro. O ouro é apenas outro pedaço de rocha amarela. Acho que ainda estamos no começo [do apocalipse] e as pessoas ainda consideram isso como uma mostra de status. Você não pode beber dólares e não pode beber ouro ou diamantes. Creio que a água é essencial. Penso nesse cenário, vai ser uma luta constante para tentar manter isso longe de certas pessoas, porque todos a querem. Essa é a nova moeda.

Fear the Walking Dead vai ao ar aos domingos, às 22h, no canal AMC.

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Fonte: The Hollywood Reporter

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