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Dave Erickson fala sobre o episódio 2 – “So Close, Yet So Far”

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ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do segundo episódio da primeira temporada de Fear the Walking Dead, S01E02 – “So Close, Yet So Far” (Tão perto e, ainda assim, tão longe). Leia por sua conta e risco. Você foi avisado.

A sociedade está ruindo, pessoal. Você pode afirmar isso pelo tumulto, pelo diretor sanguinário e pelo vizinho devorando o outro vizinho perto do castelo inflável. O TOBIAS NOS AVISOU! POR QUE NINGUÉM ESCUTA O TOBIAS? Bem, agora já é tarde, e isso ficou evidente no segundo episódio de Fear the Walking Dead, sendo que o pânico e caos começaram a se instalar.

Entertainment Weekly conversou com o produtor e showrunner Dave Erickson para obter respostas para algumas de nossas grandes perguntas, incluindo: Essa é a última vez que veremos Tobias?

Uma das coisas mais divertidas é assistir aos personagens tentando adivinhar o que está acontecendo: O que é essa coisa? Como você se contamina? O que essa coisa faz com você quando te contamina? E nós temos essa grande cena na casa do namorado de Alicia, Matt. Madison e Travis vão pra lá e falam para Alicia se afastar dele porque pode ser contagioso. Madison vê a ferida e pergunta: “Isso é uma mordida? É assim que acontece?” Nós já falamos sobre isso antes, mas você está andando na corda bamba do que diz respeito a não querer fazer os personagens parecerem burros porque os espectadores claramente sabem mais do que eles, mas essas são perguntas que eles teriam que fazer, certo?

Dave Erickson: Há uma realidade, e acredito que quando nossos personagens são confrontados com ela no episódio piloto, a reação inicial deles é “isso não é nada bom”. Nós não vamos direto pro zumbi. Seria algo mais ‘essa pessoa está doente’. Essa pessoa usou algo. E sim, parte do progresso nos primeiros episódios é pegar essas pistas e tentar entender o que está causando isso tudo. No filme de zumbi típico, as mordidas são a causa da infecção, a mordida é o que transforma alguém e nossos personagens ainda não sabem disso. Eles viram que Calvin foi baleado no episódio piloto. Ele não foi mordido.

É na verdade algo sobre o que eles conversam na cena a qual você se refere. Eles estão tentando entender a causa disso tudo e estão tentando encontrar alguma explicação racional, e o que eu acho interessante, tanto pra mim quanto para a audiência, é assistir os personagens chegando cada vez mais perto da verdade, em passos curtos. O que nós vamos descobrir conforme a temporada avança é que nós cronometramos isso de maneira que a audiência ficará cada vez mais interessada e nós saberemos o suficiente no tempo certo. Então eu acredito que nós não vamos querer socar os personagens. Acho que não chegaremos a esse ponto.

Eu percebi no episódio vários sons que davam pistas sobre o que está acontecendo – pistas que nós ouvimos no nosso dia-a-dia e provavelmente ignoramos se vivemos na cidade grande – coisas como sirenes e helicópteros. Nós ouvimos muitos helicópteros ao fundo neste episódio, Dave.

Dave Erickson: Uma das coisas que queríamos – e nós chegamos a fazer isso até certa medida no episódio piloto – era brincar com os sons de fundo e queríamos ter certeza de deixar os personagens no limite. Para deixar a audiência no limite nós queríamos colocar lembretes de que algo estava errado. Algo não estava bem. Tem alguma coisa prestes a acontecer.

Então, sim, nós usamos sons de helicópteros e nós também testemunhamos um dos primeiros atos de violência, e isso desencadeia um protesto. Um tumulto se desencadeia no centro de Los Angeles. Então todos esses elementos são coisas que poderiam ser apenas a reação ao tumulto que está acontecendo na cidade e que poderia acontecer em qualquer lugar, mas a audiência sabe que tudo isso tem mais a ver com as pessoas virando zumbis e o apocalipse começando a aparecer na série.

Para mim, um grande momento é quando Travis vê um policial enchendo seu veículo com água. Seria esse um subtexto que vocês tem seguido no decorrer da série, parece que a questão não tem apenas a ver com a maneira como os personagens reagem, mas também como as autoridades e aqueles no poder reagem? O que eles fariam e até onde podemos confiar neles?

Dave Erickson: Na realidade de qualquer apocalipse, os profissionais que prestam seriam os que saberiam de tudo antes – antes de todo mundo. E nós mostramos um pouco disso no episódio piloto com o médico no hospital para qual Nick foi levado, e com a enfermeira que o atende. Eles sabem que algo está errado porque eles sabem que quando um paciente tem uma parada cardio-pulmonar e é levado pro andar de baixo, algo estranho está acontecendo. E então nessa cena à qual você se refere, é uma cena curta, mas a ideia é que o policial está ciente do que está por vir e ele viu algo anormal e ele não sabe como lidar com isso, e tudo que ele sabe é que ele tem que cuidar de si mesmo.

Então a sugestão é que, com essa onda vindo em nossa direção, existam certas pessoas que vão fazer seus trabalhos e outras que vão na verdade voltar para si mesmos e cuidar de suas famílias, suas vizinhanças, e essa cena é um exemplo disso.

Eu quero te perguntar sobre a cena na qual Alicia está voltando para a casa do namorado dela e então Nick começa a vomitar e a se chacoalhar como se estivesse tendo uma convulsão, então ela fica para ajudá-lo. Mais tarde ele diz à sua mãe que “Ela tentou sair. Eu a impedi.” Então ele estava fingindo aquela convulsão ou apenas tentando ganhar o crédito por ela não ter saído?

Dave Erickson: Ele estava ganhando crédito. Eu acho que isso casa com seu personagem. A mãe dele volta, ela tinha saído para arranjar drogas para que ele pudesse ficar equilibrado por tempo suficiente até que eles conseguissem entrar no carro, e esperançosamente, chegar até o deserto e ficar longe do perigo que os cerca.

E eu acho que essa cena em particular, sabe, ele é um viciado e é egoísta e ele quer suas pílulas e ele quer mais, e chega num momento em que (Madison) o encara e ele tem que fazer alguma coisa para ganhar favor. Então é um momento legal desse personagem, e eu acho que Frank [Dillane] interpretou isso muito bem. É ele que está passando por um ajuste hardcore e isso o levou à convulsão, e mais tarde ele tenta explorar isso para sua própria vantagem com sua mãe.

Okey, eu preciso dar a Tobias o prêmio de melhor fala quando ele diz “Quando a civilização acabar, ela vai acabar depressa”. Esse garoto é aquela uma pessoa que entende tudo melhor que todo mundo. Ele fala como tudo começa com saques, como as comunicações irão entrar em colapso, sobre como o deserto é o lugar mais seguro. Como ele sabe tanto?

Dave Erickson: Eu acho que Tobias é meio que o nosso teorista da conspiração interno. É ele quem tem vasculhado a internet por anos e que decidiu ligar essas historinhas que ele tem visto pelo país. Eu acho que começou com uma paranoia incerta. Começou com ele sendo um garoto com uma imaginação insana, e isso se tornou cada vez mais real pra ele e isso começou a assustá-lo. Ele fez sua obrigação e explorou maneiras de sobreviver. Ele rastreou como seria o surto e como ele aconteceria. Tobias é um personagem divertido e se ele vai retornar ou não ainda fica a ser visto, mas ele ainda não foi comido, então, quem pode afirmar algo?

Eu ia te perguntar isso…

Dave Erickson: Olha, se você não foi mordido há sempre uma chance, então…

Tem aquele grande momento no final em que Madison não deixa Alicia ajudar um vizinho que está sendo atacado perto do castelo inflável ou algo assim. Será esse um tema a ser explorado no sentido de como você decide o que, quando e por quem se arriscar?

Dave Erickson: Com certeza. E tem uma cena no começo do episódio em que Madison é forçada a confrontar alguém, mas na verdade ela está defendendo Tobias. Esse é um momento em que a prioridade é sua filha, e sua filha ainda não viu isso tudo. Alicia não percebe o que está acontecendo e isso está ficando cada vez mais claro para Madison. O instinto de Alicia é sair e tentar ajudar o vizinho do outro lado da rua, e Madison sabe o que estaria esperando por ela se ela fizesse isso. Então, neste momento, é mais importante pra ela proteger Alicia e manter sua filha em segurança do que ir e tentar salvar o vizinho – com certeza absoluta. As mudanças em nossas prioridades será algo bastante explorado durante a primeira temporada.

O que você pode dizer sobre a introdução dos Salazars, que nós vemos oferecendo um pequeno abrigo naquele tumulto.

Dave Erickson: Os Salazars são incríveis. Rubén Blades e Mercedes Mason são esse time pai e filha. Os Salazars são imigrantes. Eles são de El Salvador. Eles vieram para os Estados Unidos nos anos 80 e saíram da Guerra Civil em El Salvador. Nós ficaremos sabendo disso conforme a série segue, mas Mercedes Mason interpreta uma personagem que é definitivamente americanizada. Ela foi criada nos EUA e ela vê seus pais como se fossem das antigas, e ela sente que é sua protetora. Casando com a ideia da série em que todos passam por grandes mudanças de identidade e reinvenção, ela percebe que a história de seus pais é algo que será mais útil no apocalipse do que sua experiência como uma garota americana. Então esse relacionamento vai continuar a se desenvolver e se tornará cada vez mais interessante.

Okey, nos dê uma pequena prévia com relação ao que esperar no terceiro episódio…

Dave Erickson: Nós terminamos o segundo episódio com nossos grandes interesses amorosos, Travis e Madison, separados. Travis foi tentar buscar seu filho biológico e sua ex-mulher e os manter em segurança, e Madison está fazendo tudo para proteger seus filhos, e o terceiro episódio será sobre uma reunião.

A ironia da série é que você tem dois pais que estão tentando desesperadamente unir essa família misturada incrivelmente disfuncional, e a grande ironia é que o único jeito que isso acontece é pelo apocalipse e pelo fim do mundo. Então, nós veremos essa família crescer conforme caminhamos para o terceiro episódio.

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Fonte: Entertainment Weekly
Tradução: @Jessica Storrer / Staff Fear the Walking Dead Brasil

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